Slowdown Mundial

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Em meio a um cenário econômico mundial conturbado, onde emergentes e potências estão imersos em situações delicadas sem previsão de saída, um país em especial se mostra excepcionalmente diferente de todos os outros, quase seguro de todos seus passos. Afinal, não se poderia esperar menos da maior economia mundial, os EUA, que se encontram em um momento excepcional.

Com uma taxa de desemprego abaixo de 5%, com previsão de queda, e outros indicadores em posições positivas, os EUA estão em uma posição diferenciada, comparados a outras potências mundiais. Fazendo, no entanto, uma releitura da famosa frase do poeta John Donne no livro Meditation V, “nenhum país é uma ilha”. Logo, os EUA ainda correm riscos devido ao cenário mundial.

A posição favorável previamente comentada pode ser perdida por uma série de fatores. Começando pela própria eleição norte-americana. Tanto do lado dos Republicanos quanto dos Democratas, alguns candidatos são vistos de forma negativa pelo mercado, como Bernie Sanders (Democrata), que em seus discursos defende a regulação de Wall Street e aumento do imposto de renda, e como o bilionário Donald Trump (Republicano), que tem posicionamentos políticos conservadores, defende a retirada de todos os imigrantes ilegais do país, entre outros. São posicionamentos interpretados de forma negativa pelo mercado.

Também tem a questão do slowdown chinês, que afeta a economia mundial. Com constantes perdas na indústria, devido à diminuição da produção, que leva ao aumento do desemprego, também há a diminuição de bens importados. A China tende a viver um momento conturbado no seu mercado de ações, implementando e tirando regras, como o circuit breaker (já retirado), que congelava o mercado caso a perda na bolsa chegasse a 7%. Isso tudo além da existência de uma provável bolha imobiliária, em que uma superprodução no setor da construção civil resultou nas conhecidas “cidades fantasmas”, visto que a produção ultrapassou por muito a demanda chinesa, o que pode levar o mercado imobiliário chinês a um colapso. Certamente uma recessão forte na economia chinesa levaria o resto do mundo junto com ela.

O slowndown chinês afeta principalmente a Zona do Euro, a qual já enfrenta problemas internos. Desde a última recessão mundial, a Europa passa por questões internas extremamente delicadas, levando, então, o Banco Central Europeu a implementar uma política econômica de QE (quantitative esasing). Assim, o BC Europeu injetou mais de 1 trilhão de euros na economia em março de 2015. A região ainda enfrenta a questão grega, visto que uma possível saída da Grécia do bloco tenderia a levar outros países a fazerem o mesmo, o que resultaria no colapso do euro. Outro ponto é o foco na questão da imigração, o que muda as políticas internas de cada pais.

Existe uma teoria defendida por muitos economistas, a teoria dos ciclos econômicos, que diz que recessões tendem a ser seguidas por grandes depressões. Os adeptos dizem que a crise de 2008 seria unicamente uma recessão e que a grande depressão estaria por vir até 2020, porque todo o mundo se encontra extremamente alavancado e, assim, é esperada uma correção do próprio mercado.

Mesmo com tudo o que acontece no mundo, o presidente do FED (Federal Reserve, o BC americano) de Nova York diz que não vê altos riscos para a economia americana e que espera que o PIB norte-americano cresça em torno de 2% em 2016. Ele, porém, também diz que não está tão confiante quanto estava quando o país elevou a taxa de juros em dezembro de 2015.

Certamente os EUA se encontram em um momento brilhante de sua economia, porém este pode ser facilmente perdido caso tudo não ocorra como o planejado.

 

 

Arthur Lemos: Estudante de Economia do IBMEC. Chefe da área de Análise Macroeconômica do Cemec, empresa júnior vinculada ao IBMEC, que tem como proposta principal realizar estudos e pesquisas sobre o mercado financeiro.

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