Brexit! E agora?

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Na última quinta-feira, 23, o Reino Unido optou por deixar a União Europeia. Em uma votação apertada, que dividiu o “Reino Unido” em duas partes, o “leave” prevaleceu. Com isso, o futuro britânico é incerto. Desde a formação da União Europeia, será a primeira saída de um membro do bloco e, portanto, não se pode afirmar ao certo o que acontecerá a partir de então. Contudo, algumas possíveis consequências se mostram sólidas e altamente prováveis. O mercado já reage à saída iminente, e alguns sinais suportam algumas previsões.

Desde a sexta-feira, 24, um dia após o referendo, os mercados financeiros europeus apresentaram grande volatilidade. A libra está em queda livre e, na segunda-feira, alcançou seu menor valor desde 1985. As bolsas de valores e os principais índices europeus também estão enfrentando as consequências do “leave”, operando em baixa. Logo após o resultado final da votação, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, como esperado, anunciou sua renúncia. Um substituto assumirá o cargo em outubro.

Os imigrantes europeus têm perdido o sono, tendo em vista que não sabem o que poderá acontecer com seu status no futuro. Na União Europeia, cidadãos britânicos têm livre acesso a outros países do bloco, seja para turismo ou trabalho, assim como cidadãos de outros países da UE têm os mesmos benefícios de entrada nos países do Reino Unido. Com a saída dos ingleses, ainda não se sabe que tipo de acordo será feito quanto a isso. De antemão já sabemos que países mais pobres, como Lituânia e Polônia, dificilmente entrarão em um possível acordo de trânsito livre.

Um outro ponto de tensão é a relação comercial entre o Reino Unido e os demais países da União Europeia. Estatísticas oficiais mostram que cerca de 63% das exportações inglesas são relacionadas à União Europeia: mesmo quando não vão para algum país do bloco, foram originadas por algum acordo ligado à UE. Cabe ao sucessor de David Cameron realizar acordos de livre comércio a fim de não provocar um grande desequilíbrio na balança comercial do Reino Unido. Vale ressaltar que um acordo comercial é de suma importância, pois dependendo da negociação final, vários empregos estarão ameaçados. Uma perda de competitividade, como imposição de tarifas de exportação, ocasionaria a saída de diversas companhias do país.

Enquanto isso, dentro do próprio Reino Unido, uma possível desunião pode acontecer. A Escócia, que majoritariamente votou pelo “remain”, considera realizar um novo pleito pela independência. Em 2014, quando os escoceses puderam votar pela separação ou não do Reino Unido, pouco mais de 55% da população preferiu ficar. Todavia, o cenário agora seria diferente. Além das incertezas econômicas, de certa forma a União Europeia equilibrava o poder da Inglaterra sobre o Reino Unido. Para completar, a Irlanda do Norte já convocou uma votação pela reunificação do país com a Irlanda. Tudo isso pode colocar em jogo a união do reino.

O governo britânico estima uma retração entre 3,8% e 7,5% da economia até 2030, como consequência da saída, mas reafirmo que não encontraremos estimativas confiáveis, considerando que o acontecido não tem precedentes. O futuro é o agente mais preciso para nos fornecer um resultado deste marco histórico. Terminarei este texto com a mesma pergunta que já fiz antes: Como ficará o Reino Unido em 50 anos?

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