Os efeitos da incerteza global

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Na quinta-feira (24/07) o referendo popular que tomou a decisão de saída do Reino Unido da União Europeia (BREXIT) abalou bastante o mercado. Tal abalo deixou marcas profundas na economia britânica e no mundo como um todo, levando a libra ao menor preço em 31 anos e ao Reino Unido perder seu rating na Fitch e no S&P (Standard & Poor’s) visto que o cenário econômico do Reino Unido se torna mais imprevisível.

Não somente o Brexit, mas também toda a incerteza do mercado mundial como um todo, com o FED podendo pausar o aumento da taxa de juros básica da economia, com títulos públicos de grandes potências mundiais como o próprio Reino Unido e Japão batendo mínimas históricas, entre tantos outros detalhes que geram uma volatilidade muito grande nos mercados financeiros e acabam por deixar os investidores desacreditados no potencial de investimento dos mesmos. Grande parte desses investidores quando se encontram nessas situações ou próximas acabam por recorrer a outros investimentos, como o ouro, prata, etc, devido a segurança que os mesmos tem neste tipo de investimento.

O caso do ouro é mais específico, se torna recorrente um aumento no preço da onça, que hoje está em US$1370, em casos de desconfiança global, neste caso o preço do ouro chegou a subir depois que bateu no seu piso em janeiro 29,11% e se encontra em um preço o qual só teria sido visto antes em 2013, mostrando a euforia dos investidores no mesmo e em outros metais preciosos, como a prata, mas por que justo o ouro?

O ouro, em seu caso particular traz certa segurança aos investidores, visto que acontecimentos geopolíticos não influenciam tanto na sua cotação quanto na cotação de moedas por exemplo, no caso do Brexit, no dia que o resultado saiu, a libra inglesa caiu 8,5%, enquanto o ouro teve um aumento de 4,69%, mostrando também o medo dos investidores não só na libra, mas no mercado financeiro como um todo, tomando muita precaução antes de realizar qualquer investimento.

Devido à alta expressiva do ouro muitos analistas dizem que o mesmo está “overbuyed” que é estar em um preço mais alto do que deveria estar, ou seja, irá despencar em breve. Porém, alguns bancos dizem o contrário, como o Goldman Sach, os quais aumentaram suas metas para o preço do mesmo, alguns chegando a colocar suas metas em US$1400, caso o FED (Federal Reserve) o banco central norte-americano venha a pausar os constantes aumentos no juros, tal argumento vem sendo cada vez mais usado devido as incertezas globais.

A prata por sua vez, também segue o ouro em questão de segurança, no caso, a mesma chegou a aumentar 5,58% na última sexta, mostrando também a diversificação nos próprios metais preciosos, porém no caso da prata, analistas em sua maioria defendem que o metal está muito “overbuyed”.

As incertezas do mercado financeiro abrem espaço para outros investimentos, a falta de efeitos positivos da política monetária também se mostra cada vez maior, levando os investidores como um todo a se sentirem cada vez mais inseguros e os investimentos cada vez com menos rentabilidade, porém, é possível ganhar onde só se parece possível perder, muitas vezes, o melhor momento para se investir é quando “as ruas estão cobertas de sangue”.

 

 

Arthur Lemos: Estudante de Economia do IBMEC. Chefe da área de Análise Macroeconômica do Cemec, empresa júnior vinculada ao IBMEC, que tem como proposta principal realizar estudos e pesquisas sobre o mercado financeiro.

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