5 perguntas sobre a Reforma da Previdência

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Quando aprovada, a Reforma da Previdência vai mexer com a vida de todos. Esta é a avaliação do economista da Órama e professor do Ibmec, Alexandre Espirito Santo. Para o especialista, a “nova realidade” exigirá novos hábitos, como investimentos complementares à renda da previdência.

 

Professor, o que muda se a Reforma da Previdência for aprovada?

Alexandre Espirito Santo: Muita coisa. A sociedade brasileira está num momento importantíssimo, em que precisa estabelecer prioridades. Nos últimos anos, o governo brasileiro decidiu gastar mais do que arrecada com impostos. Em duas décadas, os gastos cresceram, em média, 6% ao ano acima da inflação, e as receitas não acompanharam. Como a conta não fecha, é preciso cortar gastos, pois a sociedade não tolera pagar mais impostos. A previdência, por exemplo, não pode continuar produzindo déficits crescentes. E o pior é que o país está envelhecendo, isso é um complicador, pois mais trabalhadores se aposentarão em breve. A reforma mexe com privilégios e afeta, de alguma forma, a todos nós. Ou seja, não é uma reforma simpática.

 

E as mudanças vão valer para todo mundo?

AES: Penso que na previdência não dá para criar exceções. Posso até entender que determinadas classes tenham tratamento diferenciado, mas se os privilégios prosseguirem a reforma corre o risco de virar um arremedo, uma meia-sola. Acredito que regras como tempo para aposentadoria precisarão ser revistas, provavelmente igualando a idade mínima para homens e mulheres ou reduzindo a diferença atual. Não dá para aceitar que alguns se aposentem tão cedo e outros não, como ocorre agora. Não dá para diferenciar setor público do privado. O que quero dizer é que, sem isonomia, a reforma estará fadada ao insucesso.

 

Vai ficar mais difícil se aposentar?

AES: Muita gente me pergunta sobre isso. O raciocínio que convido a fazer é: a expectativa de vida das pessoas aumentou muito nos últimos anos. Você já parou para pensar que a medicina moderna permite que idosos possam viver com ótima qualidade de vida, inclusive exercendo atividade profissional? Há 20 anos, vivia-se até os 60 e pouco. Daqui a uma década as pessoas vão viver até os 100 anos, gozando de boa saúde. Como você vai se sustentar, se você se aposentar muito cedo? Assim sendo, não é que vai ficar “mais difícil se aposentar”, prefiro entender que “assumirmos uma nova realidade”, onde teremos condições para trabalhar mais tempo. Se a reforma for feita, e o seu benefício for o justo, todos ganham.

 

O aposentado receberá menos dinheiro?

AES: A pergunta é ótima. Você prefere receber menos dinheiro ou não receber nada? Sabe por quê? Se nada for feito na previdência, num período entre 10 e 15 anos, o INSS estará quebrado. A previdência representa, hoje em dia, metade dos gastos públicos. E tem mais: a PEC do teto, sem a Reforma da Previdência, só alivia a situação fiscal até 2030. Se a reforma não acontecer, 100% dos gastos públicos serão com pessoal e benefícios aos aposentados. Não sobrará dinheiro para mais nada.

 

Vale a pena investir em algum produto para complementar a renda da aposentadoria?

AES: Sim! O correto é que o trabalhador entenda a previdência como uma troca. Aqui no Brasil, o benefício que você recebe é proveniente daqueles que estão trabalhando e contribuindo, e não do dinheiro que você descontou no contracheque ao logo de sua vida laborativa. Lembre-se: o benefício se estenderá até sua morte. O que quero dizer é que se você se aposentar com 80 anos, mas viver até 100, o valor do benefício precisa ser coerente com esse tempo em que você perceberá essa renda. Normalmente, não será elevado. Por isso sugiro ou um plano de previdência complementar, desde jovem, aplicações em fundos e/ou montar uma carteira de ativos, com ações e títulos de renda fixa de longo prazo.

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