Já ouviu falar em Fractais?

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No início do ano tirei alguns dias de férias e aproveitei o (relativo) descanso para ler um pouco sobre novos indicadores, associados à análise gráfica, que estão ganhando cada vez mais adeptos, sobretudo entre os jovens. Muitos investidores vêm procurando avaliar ativos com técnicas diferenciadas e inovadoras, além daquelas convencionais.

Quando falamos de ganhos/perdas em investimentos, a mente humana muitas vezes nos prega algumas “peças”. Recentemente, por exemplo, assistimos a um debate sobre o comportamento da moeda bitcoin, responsável por uma das maiores valorizações de um “ativo” em toda a história. Alguns tentam explicar a alta espetacular da criptomoeda com a tese de que ela se consolidará em breve como a nova forma de efetuar trocas no mundo e veio para ficar. Outros justificam a valorização expressiva devido a uma euforia irracional, característica de uma bolha, mas que, em breve, espocará. Mas, de fato, não há uma explicação fundamentada que seja consensual.

A teoria das finanças evoluiu ao longo do século XX e, com Eugene Fama, um dos principais estudiosos do assunto, ganhou a hipótese dos mercados eficientes, que norteia toda a linha das chamadas “finanças tradicionais”. Em tese, um mercado é eficiente quando os investidores “operam” de forma racional, considerando o risco associado ao ativo, buscando maximizar seus retornos. Junto a esses princípios comumente aceitos, Harry Markowitz desenvolveu um modelo de portfólios, com lastro na teoria de utilidade, onde o investidor procura otimizar seu bem-estar.

Com o passar dos anos, no entanto, surgiu outra linha de pesquisa, conhecida como “finanças comportamentais”, e dela advieram novas ramificações.

Em meados de 2005, com receio do que pudesse vir a ocorrer no mercado imobiliário americano, procurei estudar teses que justificassem comportamentos de “manada” dos mercados, sobretudo para os momentos de pânico, quando a hipótese de Fama pouco funcionaria. Foi quando descobri a teoria das “finanças fractais”.

De forma resumida, essa teoria contrapõe-se à hipótese de mercado eficiente, ao advogar a tese de que os preços e a experiência passada influem de forma decisiva no comportamento do investidor hoje, interferindo também sobre as expectativas futuras.

Conceitualmente, fractais são figuras geométricas formadas por outras figuras geométricas, que por sua vez são formadas por outras figuras geométricas, e por aí vai (indefinidamente). O assunto está relacionado à teoria matemática desenvolvida pelo prof. Mandelbroit, da universidade de Yale, e foi “capturado” por traders do mercado financeiro.

Tenho conhecimento de que alguns operadores estão usando fractais e suas derivações para operar nos mercados, juntamente aos “robôs”. Por exemplo, a teoria que alguns chamam de “cinco dedos” é proveniente da ideia de fractais. Sua mão espalmada representa cinco barras de cotações e o dedo “do meio” é um fractal. Vale conhecer!

A vida é assim: evoluímos. Quando entrei no mercado financeiro, em 1987, encontrei profissionais experientes que diziam que o mercado, uma hora ou outra, busca as médias. Não deixa de ser verdade. Todavia, com os instrumentos acessíveis nos dias de hoje, as opções são cada vez mais abrangentes e complementares. Se combinarmos essas ferramentas a uma boa dose de experiência, as chances de sucesso se tornam cada vez maiores.

OBS: Uma sugestão de bibliografia em português sobre o tema é “Finanças e Mercado de Capitais. Mercados fractais: a nova fronteira das finanças”, Cengace Learning, organizado pelo professor Carlos José Guimarães Covas e sua equipe de pesquisadores.

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