Análise Semanal pela Flag Asset – 07/05 a 11/05

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No ambiente doméstico, a última semana foi marcada pela continuidade do movimento de enfraquecimento do real. Com isso, aumentaram as dúvidas se o Copom seguirá a sua sinalização anterior e promoverá um novo corte de 0,25 p.p. da taxa Selic. Por outro lado, o IPCA de abril continuou a mostrar um cenário favorável da inflação corrente, vindo abaixo do esperado e com núcleos no limite inferior da meta de inflação. Já as vendas do varejo de março vieram acima das expectativas, após um extenso período de decepções com os indicadores de atividade. Nos EUA, o núcleo da inflação de abril apresentou variação de apenas 0,10% no mês, representando 2,1% no acumulado dos últimos 12 meses, e diminuindo os temores acerca de um ritmo de aperto monetário mais agressivo por parte do FED.

Na última semana, o dollar index ficou estável, com o movimento de depreciação cambial ocorrendo principalmente nos países da América Latina, com destaque para a Argentina e Brasil, cujas moedas perderam 5,8% e 2,0%, respectivamente. A forte depreciação cambial levou a Argentina a anunciar um pedido de empréstimo ao FMI de US$ 30 bilhões, valor próximo a 50% do total das reservas internacionais possuídas pelo país. No Brasil, o BCB anunciou ajustes na forma de oferta de swap cambial na última sexta-feira, informando que efetuará a rolagem integral dos vencimentos do primeiro dia de junho e passará a ofertar diariamente US$ 250 milhões em contratos de swaps. A desvalorização do real pressionou a curva de juros, com o DI jan/20 subindo de 7,06% para 7,29% e o DI jan/25 de 9,73% para 9,98%. A taxa da treasury de 2 anos subiu de 2,50% para 2,54% e a de 10 anos de 2,95% para 2,97%, mesmo com números de inflação contidos. No mercado de renda variável, o S&P500 subiu 2,4%, impulsionado por fatores como a elevação do preço do petróleo, os índices de inflação favoráveis e os resultados corporativos positivos, enquanto o Ibovespa passou incólume à deterioração dos demais ativos domésticos, com alta de 2,5%.

Com relação à decisão do Copom nesta quarta-feira, as continuadas surpresas baixistas de inflação e atividade, que resultaram em um movimento de recuo das expectativas de inflação, em conjunto com as comunicações da autoridade monetária levam à indicação de corte adicional de 0,25 p.p. da taxa Selic. Por outro lado, a significativa depreciação cambial, que ainda não foi incorporada nas expectativas de inflação, trabalha no sentido oposto. A FLAG revisou sua estimativa para o IPCA de 2018 de 3,6% para 3,9%, incorporando um câmbio médio mais elevado para o ano. Para 2019, mantivemos a projeção de 4,0%, pois os efeitos inerciais altistas tendem a ser contrabalançados por um hiato do produto em território mais desinflacionário do que previamente suposto. A FLAG advoga que o BC deveria interromper imediatamente o processo de flexibilização monetária. A taxa Selic já se encontra em patamar bastante estimulativo e o balanço de riscos piorou desde o último Copom. Uma percepção de que a mudança de patamar da taxa de câmbio é permanente pode gerar uma onda de revisão nas expectativas de inflação e começar a pressionar as perspectivas para 2019. Além disso, um corte adicional da taxa Selic pode, paradoxalmente, ser contracionista para a atividade, ao gerar aumento da inclinação da curva de juros e uma depreciação adicional do real, o que restringe os investimentos ao intensificar o ambiente de incerteza e elevar os custos de importação de bens de capital.

O IPCA de abril registrou variação mensal de 0,22%, abaixo do esperado pelo mercado. Com isso a variação interanual atingiu 2,76%. A variação acumulada de 0,92% no ano é a menor para o período desde 1994. A inflação de serviços recuou de 4,0% para 3,5%, com os núcleos se mantendo próximos ao piso da meta. Porém, os próximos números devem mostrar alguma aceleração devido ao impacto da depreciação do real.

A pesquisa mensal do comércio de março cresceu, na comparação com o mês anterior, 0,3% pelo conceito restrito e 1,1% pelo conceito ampliado (que leva em consideração as vendas de veículos e de materiais de construção). Na comparação interanual, as variações foram de, respectivamente, 6,5% e 7,8%, acima do esperado pelo mercado. Essa melhora ocorreu após um longo período de decepção com os indicadores de crescimento.

Nos EUA, o núcleo da inflação (core CPI) de abril variou 0,1% contra o mês anterior, abaixo do esperado pelo mercado que projetava 0,2%. Na comparação contra o mesmo mês de 2017 a variação é de 2,1%, mesmo patamar de março. Após um período de surpresas altistas de inflação nos EUA, os indicadores disponibilizados referentes a abril têm vindo mais baixos do que o projetado, reduzindo o risco de aceleração inflacionária. Com isso, o FED segue com liberdade de manter a estratégia de retirada gradual dos estímulos monetários.

No FLAG FIC FIM, optamos por trocar parte relevante da posição aplicada no segmento intermediário da curva de DI futuro por uma put de dólar com vencimento em agosto de 2018. Apesar de entendermos que há prêmios interessantes no mercado de juros, a troca limita eventuais perdas no caso de persistência da dinâmica negativa recente no mercado de renda fixa doméstico. Ao mesmo tempo, é difícil supor que a curva de juros voltaria a se deslocar para baixo caso não haja uma reversão da trajetória da moeda brasileira. O fluxo cambial positivo e o arsenal à disposição do BC para intervir no mercado de câmbio tendem a limitar movimentos adicionais de depreciação do real. Ainda no mercado de DI futuro, seguimos com a posição tomada no vértice out/18, visto que incorporava uma probabilidade de 75% de corte de 0,25 p.p. da taxa Selic na reunião do Copom, enquanto avaliamos que esta probabilidade é menor, pois o balanço de riscos para o BC tornou-se menos favorável. No mercado de juros internacionais, mantivemos a posição tomada em juros europeus e americanos. No mercado de moedas, além da posição comprada em real via put, adicionamos uma alocação comprada em euro contra o dólar, tendo em vista os dados de inflação mais contidos nos EUA e a perspectiva de que os próximos dados de atividade mostrem uma aceleração após um 1º trimestre muito fraco. No mercado de renda variável, seguimos com as posições compradas na bolsa brasileira e na bolsa americana, cuja dinâmica recente vem sendo favorável.

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