Análise semanal pela Flag Asset – 28/05 a 01/06

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No ambiente doméstico, os desdobramentos da greve dos caminhoneiros levaram ao pedido de demissão do presidente da Petrobras, Pedro Parente. O PIB do 1º trimestre cresceu 0,4% frente ao último trimestre de 2017, ajudado pelo consumo das famílias e pelos investimentos. O Tesouro Nacional, com vistas a garantir o bom funcionamento do mercado de títulos públicos, anunciou a continuação do programa de recompra de NTN-F. No cenário externo, as indefinições políticas na Itália continuaram a gerar volatilidade, mas o anúncio de formação de um novo governo gerou certo alívio nos mercados. Apesar de os partidos populistas terem assumido o poder, não foi nomeado um ministro das Finanças com discurso radical eurocético e os próprios partidos procuraram amenizar essa preocupação. No campo macroeconômico, a inflação (CPI) da Zona do Euro referente a maio veio acima do esperado, depois de seguidas divulgações decepcionantes. Nos EUA, os indicadores de mercado de trabalho divulgados seguiram confirmando o cenário de crescimento firme.

A curva de juros continuou pressionada, principalmente nos seus vértices mais longos, em meio aos desdobramentos da greve dos caminhoneiros e à desvalorização do real. Além disso, o mercado reagiu negativamente à redução do volume ofertado pelo Tesouro nos leilões de recompra de títulos prefixados de longo prazo (NTN-F) no dia 29/05. Ao longo da semana, o DI jan/20 subiu de 7,59% para 7,77% e o DI jan/25 de 10,90% para 11,30%. O anúncio pelo Tesouro, no dia 30/06, de que iria estender os leilões extraordinários de recompra contribuiu para a estabilização das taxas nos dois últimos dias da semana. O real se depreciou 3,1%, fechando a semana a R$3,766, apresentando o pior desempenho dentre as moedas emergentes, afetado pela piora das perspectivas políticas e econômicas após a greve dos caminhoneiros e pela redução das posições de investidores estrangeiros na bolsa brasileira. Cabe ressaltar que, no fechamento do dia 28/05, o BC anunciou que manterá as ofertas adicionais de swaps cambiais em junho. Por fim, no mercado de renda variável, o Ibovespa teve variação de -2,1%, mas o destaque negativo foi a queda das ações da Petrobras, decorrente da “crise do diesel” e o pedido de demissão de Pedro Parente na última sexta-feira. A ação PN da empresa recuou 18,4% na semana. Nos mercados externos, o dollar index se enfraqueceu levemente (0,10%), interrompendo a valorização das semanas anteriores, auxiliado pela estabilização do euro após a redução do risco político na Itália. Com a reversão do flight to quality e os dados fortes de mercado de trabalho nos EUA, os juros globais reverteram parte do movimento de fechamento de taxas ocorrido nas duas semanas anteriores. A taxa da treasury de 10 anos fechou a 2,90%, ante 2,93% no fechamento da semana anterior e após ter caído para 2,78% no dia 29/05. Por seu turno, o S&P continuou a subir, com alta semanal de 0,5%, favorecido principalmente pelo aumento do apetite a risco e pelos dados fortes de mercado de trabalho nos EUA.

A greve dos caminhoneiros gerou desdobramentos relevantes para a conjuntura econômica e política do Brasil. Com a política de reajustes diários de preços dos combustíveis sendo contestada quase que uniformemente pela classe política, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, pediu demissão na última sexta-feira, colocando incerteza sobre a continuidade de uma gestão mais profissional e menos política na estatal. O conselho de administração da Petrobras escolheu Ivan Monteiro, diretor financeiro e de relacionamento com investidores, como CEO da empresa, numa tentativa de demonstrar continuidade na gestão. Apesar do nome do executivo ser bem visto pelo mercado, os riscos de alterações na política de preços da companhia se mantêm, afetando o ambiente de mercado favorável à empresa. Adicionalmente, os efeitos diretos da greve sobre a atividade somados ao agravamento das incertezas acarretaram revisões generalizadas para baixo das projeções para o PIB do ano. No campo fiscal, os riscos também aumentaram, com o custo dos subsídios aos combustíveis sendo agravado pela perspectiva de menor arrecadação devido à fraqueza da atividade econômica.

O PIB do 1º trimestre de 2018 mostrou variação de 1,2% na comparação interanual e de 0,4% na comparação com o 4º trimestre de 2017. Apesar de o indicador ter vindo muito próximo ao esperado pelo mercado, a composição, pelo lado da demanda, foi positiva, com crescimento do consumo das famílias e da formação bruta de capital fixo. Como mencionado em nosso último relatório semanal, a greve dos caminhoneiros fez com que revisássemos nossa projeção para o PIB 2018 para 1,5%. Confirmando nossos temores, as vendas de veículos recuaram 7,0% em maio frente a abril.

A PNAD contínua do trimestre encerrado em abril mostrou taxa de desocupação de 12,9%, o equivalente a um recuo de 12,4% para 12,3% quando corrigido pelo componente sazonal. O total de ocupados na economia caiu 1,1% frente ao trimestre encerrado em janeiro de 2018 e o total de desocupados da economia se encontra em 13,4 milhões. A situação do mercado de trabalho continua crítica e não apresenta sinais de melhora. A piora da perspectiva para o crescimento do PIB de 2018 posterga a melhora na trajetória de recuo da taxa de desemprego.

Na Europa, os riscos políticos na Itália continuaram a trazer volatilidade ao mercado. Ao longo da semana, discutiu-se a possibilidade de convocar novas eleições no curto prazo, o que poderia ampliar a força parlamentar dos partidos mais populistas. Na quarta-feira, os líderes do Movimento 5 estrelas e da Liga chegaram a um acordo para a formação de governo, nomeando, como ministro das Finanças, Giovanni Tria, em vez de Paolo Savona como era desejado pelo líder da Liga. O resultado trouxe alívio aos mercados, uma vez que Savona é considerado eurocético e seria visto como um risco para sustentabilidade da união monetária. Ainda na Zona do Euro, após um longo período com a divulgação de indicadores de inflação mais fracos do que o esperado, o CPI de maio veio mais alto, com o núcleo da inflação subindo de 0,7% em abril para 1,1%, reagindo ao aumento dos preços de serviços de viagens na Alemanha e na Itália. O CPI cheio subiu para 1,9%, refletindo também pressão de combustíveis e de preços de eletricidade.

Os indicadores de mercado de trabalho dos EUA apresentaram contratações de 223 mil trabalhadores em maio, representando aceleração em relação aos dois meses anteriores. A taxa de desemprego recuou de 3,9% para 3,8%, chegando ao menor patamar desde 1969. Os salários médios vieram acima do esperado, com ganhos de 2,7% frente ao mesmo período do ano anterior. A continuidade da melhora nos indicadores de atividade econômica, em conjunção a aumentos salariais ainda contidos, permite que o FED prossiga com sua estratégia de retirada gradual dos estímulos monetários.

No FLAG FIC FIM, no mercado de juros, aumentamos levemente a posição comprada em NTN-B 2022. O conforto com a alocação aumentou após o Tesouro ter anunciado que iria estender o seu programa de recompra de títulos de longo prazo. Consideramos que uma taxa de juro real na casa de 5% para esse vencimento incorpora um prêmio atrativo. Além disso, as NTN-B constituem um ativo mais protegido para momentos de volatilidade e incerteza como o experimentado atualmente pelo país. Montamos uma alocação comprada em inflação de curto prazo (DAP ago/18), dado o risco de que o desabastecimento gerado pela greve dos caminhoneiros acarrete pressões altistas nos preços dos alimentos. Iniciamos também uma posição aplicada na parte curta da curva de DI futuro, com concentração no vértice jan/19, em função de o mercado precificar um ciclo de aperto monetário a partir das próximas reuniões do Copom, ante nossa expectativa de estabilidade da taxa Selic por um longo período de tempo. No mercado de moedas, mantivemos uma posição comprada em real contra o dólar, via put com vencimento em agosto, o que limita eventuais perdas. O tamanho da posição diminuiu em função da perda de delta da opção. Avaliamos que a continuidade das ofertas diárias de swaps cambiais pelo BC tende a dar suporte à moeda. Por fim, no mercado de renda variável, continuamos a reduzir a posição comprada na bolsa brasileira, restando apenas uma pequena carteira de ações. Consideramos que o momento do país requer operar posições mais táticas do que estruturais.

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