Ambidestro

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Sou flamenguista. Não obstante essa informação (sem clubismos), um dos maiores jogadores a que assisti jogar foi Zico. Certa vez, li uma entrevista do Pelé, em que ele dizia que um jogador, para ser considerado um “fora de série”, precisava chutar com as duas pernas com a mesma desenvoltura, além de saber cabecear de olhos abertos. Por esses parâmetros, Zico sempre foi um jogador completo. Aquilo que o rei do futebol, e todos nós, chamamos de craque.

Fiz essa introdução porque as eleições estão se aproximando, e o cenário que está se avizinhando é de extremismos: direita ou esquerda. Em minha visão, o que precisaríamos, de fato, seria um governo ambidestro.

Se as recentes pesquisas estiverem projetando o quadro corretamente, o segundo turno ficará entre Bolsonaro (o candidato de direita) e Haddad ou Ciro (o candidato de esquerda). Não teremos o que “bate com as duas”, como diz a gíria futebolística. Esse provável cenário nos traz uma série de interrogações sobre como o país sairá das urnas, no final de outubro.

Minha percepção é de que entramos nessa espécie de Fla x Flu político em curso ao final da campanha de 2014, dele não mais saímos. O ideal seria que, ao fim do pleito de 2018, os ânimos estivessem apascentados, para enfrentarmos os enormes desafios que temos à frente. Penso, contudo, que podemos nos afastar desse objetivo. Por quê?

Nos dias atuais, as redes sociais replicam com grande perfeição o sentimento dominante da sociedade. Ano passado, li um interessante artigo sobre o tema; vale o acesso. O que vemos, atualmente, é uma onda de intransigência colossal, com amigos e até familiares desfazendo amizades, por conta de posicionamentos políticos. O clima é belicoso.

Essa multiplicação de posicionamentos radicais estimula a polarização e deixa o ambiente institucional carregado. Como é de conhecimento geral, para que as soluções para os nossos problemas fiscais sejam implantadas, é preciso aprovar reformas no Congresso. Aí a pergunta que se impõe é: em que condições?

Os candidatos, infelizmente, parecem crer que essa divisão (o “nós contra eles”) pode lhes favorecer nas urnas. Ledo engano! De que adiantará sair das urnas vitorioso se a governabilidade estiver comprometida? Nessas horas, o que me passa pela cabeça seria o resgate de algo que já se tentou em nosso país: um pacto!

Com franqueza, creio ser difícil que se concretize, mas não impossível. O vencedor do pleito precisará ter uma grande dose de grandeza e humildade para conduzir esse acordo nacional. Será necessário desanuviar esse ambiente carregado que nos persegue, para o bem de todos.

Por fim, sem uma grande “costura” por uma união nacional, ficará fácil perceber que o país terá enormes dificuldade de superar seus desafios. Será preciso grandeza de todos nós para “usarmos a cabeça, com olhos abertos ao futuro”. Precisamos de craques!

 

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