O mandato de Ilan Goldfajn no Banco Central e a nova gestão de Campos Neto

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Ilan Goldfajn, nascido em 12 de Março de 1966, é o atual e 26° Presidente do Banco Central do Brasil. Goldfajn, antes de ser indicado ao cargo de presidente do Banco Central pelo Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, no dia 17 de maio de 2016, atuava como economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco. Após ser aprovado pelo Senado, tomou posse como presidente no dia 9 de Junho de 2016, no governo interino de Michel Temer (2016 – 2018), que substituiu a até então presidente Dilma Rousseff após seu impeachment.

Goldfajn assumiu como presidente do Banco Central (BC), em um cenário que apresentava uma meta da Selic de 14,25% ao ano, o maior rombo nas contas públicas da história brasileira (R$ 170,5 bilhões) e uma inflação oficial que encerrou 2015 em 10,67%, valor acima do teto da meta de 6,5% que havia sido estipulado para aquele ano. Na época, esse cenário foi analisado por Goldfajn como “a pior recessão da história brasileira, com desemprego em alta e relevante desafio fiscal”. Ciente disso, estava determinado a, em atuação harmônica com o ministro da Fazenda, recuperar a economia sustentável brasileira que todos desejavam ver.

Para atingir esse objetivo, disse que pretendia cumprir plenamente a meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), mirando seu ponto central de 4,5%. Assim, ele se mostrava consciente e mobilizado para devolver ao país a credibilidade perdida nos últimos anos, acrescentando que a eficiência da política de juros seria maior se os esforços para controlar os gastos públicos fossem bem-sucedidos.

Ao longo de seu mandato como presidente do BC, a economia brasileira reverteu a recessão e cresceu de forma contínua desde o início de 2017. No terceiro trimestre de 2018 o Brasil tinha uma taxa de crescimento de 0,8%, concretizando o sétimo trimestre consecutivo de crescimento positivo, algo que não acontecia no país desde 2011, demonstrando a recuperação gradual da economia. Além disso, a taxa básica de juros foi decrescendo desde 2016 e hoje se encontra estável em 6,5% ao ano. A inflação oficial encerrou 2018 em 3,75%, abaixo da sua meta de 4,5%. A inflação foi controlada, e a taxa Selic está no patamar mais baixo da história – indicadores próximos de níveis de economias desenvolvidas. Já o rombo nas contas públicas apresentou uma leve melhora, mas ainda está muito longe do ideal, constando R$ 148,17 bilhões de déficit.

Hoje, perto do fim do mandato de Ilan Goldfajn, tendo em vista que após a troca presidencial não demonstrou interesse em fazer parte da equipe de Paulo Guedes, tudo indica que a Selic deve permanecer estável em 6,5% ao ano, fato que prevalece desde que não haja um tremendo fracasso na aprovação da Reforma da Previdência e no ajuste fiscal. Em relação à inflação,  o nível baixo de IPCA de 2018 vai resultar em um impacto positivo sobre o mesmo indicador de 2019, devido ao efeito da inércia (a inflação passada alimenta a futura). Esse fator aponta que o IPCA deve manter uma trajetória comportada em 2019, ano em que a meta estipulada pelo Banco Central é de 4,25%.

Em relação às prospecções, o Comitê de Política Monetária (Copom) considerou que há fatores de risco favoráveis e não favoráveis para inflação. Por um lado, a alta ociosidade da economia pode levar a trajetória da inflação para abaixo do esperado. Por outro lado, uma frustração em relação ao andamento das reformas pode puxar a mesma para cima. Foi reforçado ainda pelo Copom o fato de o cenário externo permanecer bem desafiador para economias emergentes, o que também pode causar um aumento da inflação. Os principais riscos relacionados a isso estão associados ao aumento da aversão ao risco nos mercados internacionais, à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas e às incertezas relacionadas ao comércio mundial.

Goldfajn segue no comando do Banco Central até meados de fevereiro, março de 2019, quando assume Roberto Campos Neto, escolhido por Paulo Guedes para substituí-lo nessa função, deverá passar por sabatina no Senado. Campos Neto, atualmente responsável pela tesouraria do banco Santander, dará continuidade ao trabalho que está sendo feito no atual mandato. É consenso que ele e os novos diretores estarão recebendo um legado muito favorável da gestão de Goldfajn.

O atual presidente do BC destacou que o Brasil precisa continuar no caminho de ajustes e reformas, especialmente a reforma da Previdência. Desde a sua vitória nas urnas, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, vem anunciando a equipe econômica, comandada por Paulo Guedes e vários nomes identificados com uma agenda pró-reforma, o que é um sinal positivo para a economia e ainda agrada ao mercado. Outro ponto citado por Goldfajn como objetivo para a próxima gestão é a aprovação do projeto de autonomia do Banco Central, que não é um debate novo e pode servir para impedir uma possível pressão política na definição dos indicadores econômicos. Ele também estimulou reformas que alavanquem a produtividade e promovam uma abertura maior da economia.

Pode-se concluir, a partir desta análise, que o mandato de Ilan Goldfajn no Banco Central, foi eficaz em retirar o Brasil da recessão e retomar o crescimento gradual da economia. É de se esperar que, caso as reformas sejam aprovadas e o cenário externo não se apresente muito instável, o Brasil tenha tudo para continuar nessa fase de crescimento econômico, estabilidade nos juros e inflação controlada nos anos que estão por vir.

2019-01-16André Christoph

Membro de Finanças Corporativas do CEMEC, empresa júnior vinculada ao IBMEC, que tem como proposta principal realizar estudos e pesquisas sobre o mercado financeiro.

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