A Crise Política de Hong Kong

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A cidade de Hong Kong é um dos maiores centros urbanos da Ásia e do mundo, uma região com características peculiares, ao se comparar com o resto da China. Hong Kong era uma cidade-estado até o ano de 1997 quando voltou para o controle chinês. Entretanto, é administrada de maneira diferente das outras cidades chinesas e tem total liberdade econômica, política e administrativa, além de contar com a sua própria moeda e banco central.

O segundo semestre de 2019 trouxe uma leva de problemas para a cidade chinesa. O prolongamento da guerra comercial com os Estados Unidos tem afetado a economia da china e da cidade de Hong Kong, isso faz com que as bolsas da região registrem queda dos seus índices. Além desse fato, nos últimos meses a cidade vem sofrendo com protestos de grande magnitude que também têm afetado a economia local. Os protestos se originam de um projeto de lei que garantiria que pessoas que fossem presas em Hong Kong pudessem ser extraditadas para a China continental. A população da cidade rejeitou de imediato e foi às ruas para garantir que o projeto não fosse aprovado.

Os protestos continuam a se arrastar, mesmo após declarações da primeira-ministra Carrie Lam que garantiu que o projeto de lei que prevê a extradição de prisioneiros em Hong Kong para a China não irá ser votado. Na realidade, não existe uma reivindicação específica que move as massas para as ruas, as exigências dos manifestantes são inúmeras e muitas têm a ver com o próprio fato de a cidade estar sob controle da China. Sendo assim, é extremamente difícil para as autoridades atenderem todos os pedidos da população. Outro grande agravante para a situação é a extrema violência usada pelas forças de segurança em protestos que, em sua maioria, são pacíficos.

A violência usada pela polícia serviu como um catalisador para que mais pessoas fossem às ruas e para que aparecesse grupos de vandalismo em meio às manifestações, algo similar com o movimento dos “black blocs” nas manifestações brasileiras de 2013. O governo de Hong Kong chegou a autuar 44 pessoas por quebra da paz e traição contra o governo da cidade. A grande questão é que a lei na qual foram baseadas as acusações é da época em que a cidade ainda era uma colônia do império britânico. Não é preciso dizer que esse fato enfureceu ainda mais os manifestantes.

A bolsa de valores de Hong Kong não vem reagindo bem à leva de protestos nos últimos meses, e o índice vem sofrendo quedas constantes. Na última semana o mercado teve de fechar antes do horário por conta de um tufão que varreu a cidade e criou um grande transtorno para os moradores.

O prolongamento da guerra comercial com os Estados Unidos e a desaceleração economia da China também têm afetado o desempenho da bolsa e dos indicadores da cidade. A primeira ministra afirmou que o crescimento do PIB para 2019 vai ser desapontador. Além disso, julho vai ser o quinto mês seguido em que o varejo registra queda nas vendas, causando um pessimismo em relação ao resto do ano para a cidade.

O ponto que mais preocupa os manifestantes e o governo de Hong Kong é uma possível intervenção do governo chinês para controlar essa crise. O presidente já afirmou que está apoiando o governo de Hong Kong, mas não há dúvidas de que uma intervenção é uma possibilidade cogitada pelo presidente chinês, Xi Jinping – para que não ocorram situações parecidas em outros pontos do país. Entretanto, caso o governo chinês ocupasse a cidade, as consequências seriam catastróficas para a ordem da cidade e seus habitantes, uma vez que uma das principais reivindicações dos manifestantes é justamente a autonomia completa do governo continental.

A solução dessa crise é de extrema importância para o governo chinês, pois ela manda uma mensagem para o mundo que o modelo “um país, dois sistemas” continua funcionando e sendo estável. Este modelo foi implementado em diversas regiões da China. Essas regiões têm modelos administrativos diferentes, mas estão sob o controle do governo.

Passaram-se três meses desde o início dos protestos e, desde então, a situação em Hong Kong tem se agravado. O número de atos violentos cresce com rapidez, e a comunidade internacional está olhando atentamente para o desfecho dos protestos e para qual será a postura adotada pelo presidente Xi Jinping para solucionar essa crise que já afetou a economia de Hong Kong e a vida de seus cidadãos.

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Miguel Jardim

Membro de Back Office do CEMEC, empresa júnior vinculada ao IBMEC, que tem como proposta principal realizar estudos e pesquisas sobre o mercado financeiro.

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