Renúncia de Evo Morales e os últimos destaques
BRASIL EM FOCO
A sexta-feira foi marcada pela repercussão da decisão do STF quanto a prisão em segunda instância e um clima de maior cautela em relação ao acordo comercial entre China e EUA. No encerramento, o Ibovespa cedeu 1,78%, para 107.628 pontos, acumulando queda que 0,72% na semana. O dólar era negociado a R$ 4,1660, alta de 1,82%, avançando 4,31% nos últimos cinco pregões. Esta é a maior alta semanal da moeda estrangeira desde agosto de 2018, pouco antes das eleições. A taxa do contrato DI para janeiro de 2025 encerrou a 6,27% abrindo 29 pontos-base na semana.
LULA E O MERCADO
O ex-presidente Lula deixa a prisão. Com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), na quinta-feira (07), de considerar ilegal a prisão antes do trânsito em julgado, os presos que não se enquadrem em prisão preventiva, ou seja, que não apresentem riscos à ordem pública ou ao andamento das investigações, poderão ser liberados, após a solicitação dos seus advogados.
A expectativa era que se propusesse uma tese intermediária, segundo a qual a pena só poderia ser executada depois de confirmada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas o presidente da corte, Dias Toffoli, sequer mencionou esta hipótese.
Vale lembrar que Lula estava preso após o julgamento em segunda instância pelo caso do Triplex no Guarujá, sendo inclusive condenado no Superior Tribunal de Justiça. Contudo, como ainda resta recurso ao STF, a sua sentença ainda não é definitiva e, por isso, não cabe a prisão.
Apesar de solto, Lula não é elegível no momento, pois pela Lei da Ficha Limpa, condenados por decisão de órgão colegiado são inelegíveis por oito anos. O que pode modificar esse cenário é que a defesa de Lula alega que a parcialidade de Sérgio Moro teria interferido no processo e pedem o anulamento do caso.
Lula ainda é acusado, e condenado em primeira instância, no caso do sítio de Atibaia. Esse processo aguarda a decisão do STF sobre a ordem da entrega de provas dos réus. Se o entendimento do Supremo for que não se respeitou o amplo direito de defesa, esse processo voltaria para primeira instância.
A princípio, a liberação de Lula não terá impacto no andamento das reformas ou na direção da política econômica do governo atual. A reação dos mercados sobre os juros e câmbio refletem, principalmente, a difícil aprovação das PECs do pacto federativo e o insucesso do leilão do pré-sal.
OBSERVATÓRIO INTERNACIONAL
Na última semana, o S&P 500 renovou máxima histórica quatro vezes. Na sexta o índice fechou com recorde aos 3.093,08 pontos, uma alta de 0,26% e encerrou a semana em alta de 0,85%.
O presidente Donald Trump disse que os Estados Unidos não concordaram em retirar tarifas sobre a China, contradizendo declarações anteriores de ambos os lados. Insistindo que a China quer mais o acordo que os EUA e que alguma retirada de tarifas pode ocorrer mas não fará mais muitas concessões sobre esse tema. (Valor)
Evo Morales, o presidente da Bolívia de maior tempo no poder na América do Sul, figura importante dos movimentos de esquerda da região, renunciou após irregularidades na eleição desencadear semanas de confrontos violentos e intervenção das forças armadas. À frente do governo desde 2006, fez administração pragmática que resultou em crescimento econômico, aumento da renda e redução da pobreza, mas o processo para estender sua permanência no poder causou insatisfação.
Uma auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA) que analisava o caso das eleições na Bolívia apontou “contundentes irregularidades” no processo e no domingo (10) mais cedo, Morales já havia cedido a pressão e anunciado o pedido de novas eleições.
A Bolívia se encontra em um vazio de poder, após a renúncia dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados. O líder do protesto Luis Fernando Camacho, pediu a formação de uma junta de Governo com o alto comando militar e policial. (El País)
Os títulos do tesouro americano de 10 anos fecharam a semana negociados a 1,94%, registrando uma alta de 21 bps em um mês. Os investidores voltaram a exigir uma compensação extra para carregar títulos mais longos, em vez de ficarem rolando títulos de curto prazo por anos, mais seguros para o cenário de incertezas sobre a disputa comercial entre EUA e China, Brexit entre outros.
A semana começa com mais protestos violentos em Hong Kong. As bolsas na China e Hong Kong registraram fortes quedas. O índice Hang Seng recuou 2,6%. Na Europa, as bolsas também operam no vermelho e o viés dos futuros de Nova York é negativo.
RESUMO DOS MERCADOS
Dólar Comercial | R$ 4,1660 | + 1,82% |
DI Fut Jan/25 | 6,27% | + 5 bps |
Ibovespa | 107.628 pts | – 1,78% |
S&P 500 | 3.093,08 pts | + 0,26% |
ÓRAMA NA MÍDIA
Em sua coluna no Valor Investe, nossa estrategista-chefe Sandra Blanco analisa a necessidade de mudança do perfil de carteira do brasileiro, que historicamente, estava muito alocada em renda fixa. No mundo, uma estratégia muito comum é a carteira composta por 60% em renda variável e 40% em renda fixa. No Brasil, contudo, esse passo para renda variável, deve ser gradual.