Alta histórica do Ibovespa: vale investir?

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No pregão de hoje, o Ibovespa atingiu a marca histórica de 110 mil pontos. Em dezembro do ano passado, quando escrevemos o e-book para nossos clientes e traçamos os cenários de investimentos para 2019, havíamos considerado que era oportuno um aumento da alocação em ações nas carteiras, de 10% para 20%. Naquele momento, o índice da bolsa brasileira estava em 83 mil pontos.

Bolsa é um importante termômetro da economia. Normalmente, antecipa o que está por vir. Como considerávamos que era factível esperar do novo governo que iria assumir uma agenda positiva, com propostas de reformas estruturantes, ajuste fiscal e melhor governança, fazia sentido correr um pouco mais de risco nos investimentos.

Para corroborar esse quadro de boas expectativas, com a Reforma da Previdência encaminhada, e com a inflação sob controle, o Banco Central se sentiu confortável em reduzir a taxa Selic para patamares inéditos, para os atuais 5% ao ano. Se considerarmos a taxa real, descontada a inflação (IPCA), o juro brasileiro está em um patamar inacreditável, de 1% ao ano.

Com taxas de juros nesses níveis muito baixos, os valuations e os resultados das firmas aumentam. Assim, um processo de realocação de portfólios tomou conta do mercado de investimentos brasileiro, com a troca de títulos de renda fixa, mais conservadores, por ativos de maior risco, em busca de retornos mais interessantes. Esse movimento certamente colaborou para essa alta expressiva do Ibovespa. Ademais, o número de novas empresas que abriram o capital (IPO) este ano indica, muito provavelmente, o retorno do interesse das empresas em usar o mercado de capitais como opção de financiamento, o que é muito positivo para o mercado e para o crescimento do país.

Mesmo com toda essa valorização, de quase 30% este ano, a bolsa brasileira ainda está muito abaixo de sua cotação máxima, se medida em dólares. Outro ponto é que a relação preço sobre lucro (P/L), em torno de 13 anos, mesmo não sendo mais uma pechincha, ainda está longe de representar sobrevalorização.

Nossa expectativa é de que, com a economia crescendo em 2020 em torno de 2,5%, os lucros médios das empresas brasileiras aumentem entre 10%-15%, o que deve franquear novas altas, eventualmente catapultando o índice para a casa dos 125 mil pontos.

Para encerrar, bolsa é um investimento de longo prazo e que contém uma dose de risco não desprezível. Assim, é preciso estar atento a possíveis reveses, provenientes de incertezas externas e domésticas, que podem influenciar negativamente no comportamento do mercado. No balanço de riscos, contudo, acreditamos que o momento ainda é propício para um aumento na exposição, para a casa dos 25%.

Alexandre Espirito Santo
Economista

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