Forte queda e alta volatilidade nos mercados globais

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Essa semana começou conturbada no Brasil e no mundo. Na segunda-feira o Ibovespa fechou em queda de 12,17% e o S&P 500 nos EUA recuou mais de 7%. Na terça, o cenário já mudou com altas de 7% aqui e quase 5% na terra do Tio Sam. Haja volatilidade. 

Para acompanharmos esses movimentos precisamos entender um pouco sobre o que está em jogo no momento: os impactos do coronavírus no crescimento global que desembocou em uma guerra de preços no mercado de petróleo.

Guerras de preço, no geral, são estratégias temporárias para conquista de mercados por parte de um player de acredita ter fôlego para sustentar um preço mais baixo até sufocar seus concorrentes. No caso atual do petróleo alguns elementos aumentam a complexidade da análise. O que aconteceu nos últimos dias foi que frente ao potencial recessivo do surto de coronavírus, a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) havia decidido na quinta-feira (05) coordenar a redução da oferta de petróleo mundial para que isso não impactasse os preços.

A Rússia, contudo, se recusou a reduzir a produção na sexta-feira (06) quebrando um protocolo de atuação conjunta como Opep+ que vinha funcionando desde 2016. A justificativa russa era que enquanto ela mesma e os países da Opep buscavam adequar a produção à demanda global nos últimos anos, novos produtores, como os EUA com o gás de xisto, passaram a ter um protagonismo maior pois foram viabilizados pela política de preços do cartel. Com a recusa da Rússia, a Arábia Saudita que possui um custo de extração mais baixo, decidiu então no final de semana retaliar e ao invés de reduzir, passou a projetar um aumento da produção para abril.

Esse movimento, culminou em uma segunda-feira (09) de forte queda nos mercados globais, uma vez que o potencial deflacionário do petróleo mais barato pode minar a capacidade, principalmente dos EUA, de usar a taxa de juros como instrumento de política monetária. Em um momento que os juros globais já estão próximos a zero e o crescimento econômico ainda engatinha, os governos contam cada vez menos com mecanismos de estímulo econômico. Um outro medo é que uma crise atinja o mercado de crédito. Com um crescimento mais lento somado a disrupção de cadeias produtivas por causa das paralisações na China em decorrência do Covid-19, as empresas já endividadas passam a encontrar cada vez dificuldades para sustentar suas atividades e manter o pagamento dos juros das dívidas contraídas no passado. 

Se o fechamento de segunda-feira foi um dos piores dias deste século para o mercado financeiro, a terça já começou com um viés positivo. Além do efeito de reparação das perdas, um anúncio do Donald Trump ajudou recomposição dos índices. O presidente americano e seus principais assessores se reuniram com senadores republicanos em uma tentativa de chegar a um acordo sobre um conjunto de medidas para aliviar a pressão na economia causada pelo surto de coronavírus. A principal delas: desoneração da folha de pagamentos. Com menos margem de manobra para política monetária, medidas de cunho fiscal são bem recebidas pelo mercado. E mais do que isso, a ideia de que algo está sendo feito para tentar minimizar os efeitos econômicos do coronavírus é encarado, não só como positivo, mas como necessário. 

Ainda é quarta-feira, os desdobramentos dessas medidas ainda são incertos. Acompanhar as decisões políticas e econômicas de Arábia Saudita, Rússia, EUA, China e da Europa – enquanto novo polo do surto de coronavírus – se torna a melhor bússola para tentar navegar nesse mar nem sempre de calmaria dos investimentos. 

 

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