Recuperação vacilante das economias mundiais e os destaques do mês de julho

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RESUMO DO MERCADO  NO MÊS

Dólar PTAX R$ 5,2033 -4,98%
Taxa DI (Jan/25) 5,21% -47 bps
Ibovespa 102.912,30 +8,27%
S&P 500 3.271,12 +5,51%
BRASIL
→  IBC-Br (mai/20): +1,31% (MoM)
→  IPCA-15 (jul/20):+ 0,3% | exp: +0,51%
→  Taxa de desemprego (jun/20); +12,4% (MoM)
→  Caged: -10.984 vagas de emprego | exp: -198 mil
→  Vendas no varejo (mai/20): +13,9% (MoM)
→  Produção Industrial (mai/20): +7% (MoM)
→  Serviços: (mai/20): -0,9% (MoM)
MUNDO
→  PIB EUA (2ºtri) -32,9% (YoY) | exp: -34%
→  PMI Serviços EUA (jun/20): 57,1 pts | exp: 50,1 pts
→  Taxa de desemprego EUA (jun/20): 11,1%
→  PIB da China (2º tri): + 3,2% (YoY) | exp: +2,4%
→  PMI Industrial China (jun/20): 51,2 pts | exp: 50,5
→  PIB Alemanha (2º tri) -10,1% (QoQ)
→  PIB Zona do Euro (2º tri): -12,1% (QoQ)
Investimentos
A alta dos ativos de maior risco em julho foi bem forte com o Ibovespa registrando ganhos de 8,27% e o S&P acumulando 5,51% de valorização no mês. O dólar se enfraqueceu globalmente e, frente ao real, a queda foi de 4,98, fechando cotado a R$ 5,2033.
O contínuo avanço da pandemia e a recuperação vacilante das economias mundiais elevam as incertezas principalmente sobre o lucro das empresas. Esse cenário pouco claro, porém, não vem desanimando o mercado que sobe tanto com dados positivos, mas também com os negativos, por acreditar que a deterioração da economia aumenta ainda mais a disposição dos Bancos Centrais (BCs) de injetar liquidez. O excesso de dinheiro é um dos vetores das altas recentes e os estímulos não vêm apenas das autoridades monetárias. Os pacotes de ajuda fiscal também estão sendo propostos de maneira ampla.

Na China, a alta foi também impulsionada pela a divulgação da intenção do governo para estimular o mercado de ações, promovendo um “bull market saudável” após a pandemia. As buscas pelo termo “abrir uma conta de ações” explodiram. 

Na esteira da temporada de balanços do segundo trimestre, o resultado tão esperado da Tesla surpreendeu com lucros, puxado pela venda de créditos regulatórios para outras montadoras. Para a Microsoft, a história foi outra, com a desaceleração das vendas no braço de armazenamento na nuvem. O resultado da Unilever superou as expectativas, com as receitas impulsionadas pelas vendas de desinfetantes para as mãos e sorvetes. 

Os resultados de Amazon, Apple, Facebook e Google mostraram como a gigantes da tecnologia se tornaram ainda mais indispensáveis no momento atual de pandemia. A Amazon registrou receita de US$ 88,9 bilhões e dobrou o lucro para US$ 5,2 bilhões, mesmo gastando US$ 4 bilhões entre abril e junho para estabilizar sua cadeia de suprimentos e melhorar a segurança dos trabalhadores. A Apple registrou um aumento de vendas em 11% também acima do esperado. O Facebook mostrou a resiliência de seus negócios de mídia social, e as vendas aumentaram 11%, para US$ 18,7 bilhões, devido ao aumento do envolvimento dos usuários. A empresa, contudo, alertou para os riscos em relação a recuperação da economia e de um boicote de anunciantes. A controladora do Google, Alphabet Inc, registrou um declínio na receita trimestral em comparação com o ano anterior pela primeira vez na história da empresa. Ainda assim, as vendas superaram as expectativas dos analistas, e seu lucro, embora em queda de 30%, foi superior a US$ 6 bilhões. 

No Brasil, o aumento de 9,6% da importação chinesa de minério de ferro no primeiro semestre e a reversão de prejuízo em lucro de R$ 5,289 bilhões no segundo trimestre impulsionaram as ações da Vale. 

A Petrobras registrou um prejuízo líquido de R$ 2,713 bilhões no segundo trimestre de 2020, revertendo o lucro de R$ 18,866 bilhões apresentados no mesmo período do ano passado. Os papéis da Petrobras avançaram em linha com os preços do petróleo. 

Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), os piores efeitos do coronavírus na demanda global de petróleo já passaram, mas continuarão ecoando à medida que o mercado se recupera lentamente no segundo semestre de 2020. A AIE informou que a demanda no primeiro semestre de 2020 caiu 10,75 milhões de barris por dia, uma queda de 11% em relação ao ano passado. A OPEP e aliados cortaram a produção desde maio em 9,7 milhões de barris por dia, ou 10% da oferta global, após o vírus detonar um terço da demanda global. Para agosto, o acordo foi de ajustar o corte na produção para 7,7 bilhões bpd, até dezembro. 

No mercado de juros, a curva cedeu, trazendo as taxas para níveis mais baixos do que antes da crise da pandemia iniciada em fevereiro, recuperando por completo as perdas de março. Os contratos futuros de DI com vencimento em 2025, foram negociados abaixo de 5,5%. 

A percepção de que os juros seguirão nesses níveis por um período longo pode ser confirmada pelo fluxo nas ofertas públicas de ações e fundos imobiliários. Em julho, o IPO de Ambipar, empresa atua nas áreas de soluções em gestão e valorização de resíduos; e prevenção, treinamento e atendimento emergencial a acidentes com produtos químicos e poluentes, levantou R$ 1,082 bilhão. 

Para o mês de agosto, nossa visão é de cautela, principalmente com a exposição à bolsa, visto que no Brasil, e no exterior, as dinâmicas políticas e econômicas estão bastante incertas. O Ibovespa já opera com P/L de 13, que historicamente não é barato. As reformas estruturantes, privatizações, com uma redução da participação do Estado estão caminhando de forma lenta. Entendemos que ser prudente é o mais adequado à conjuntura. No mercado acionário sempre há oportunidades, mas diante dos indicadores, é imprescindível ser seletivo, parcimonioso e ter horizonte de longo prazo. 

No mês de julho a pandemia causada pelo novo coronavírus continuou a se expandir com efeitos na saúde, nos mercados, na economia real e também na política. No mundo, o número de casos confirmados ultrapassou os 18 milhões e os óbitos se aproximavam dos 690 mil. Os EUA, país mais afetado pela doença, viu a quantidade de infectados chegar a 4,66 milhões e as mortes somavam mais 155 mil. Os estados da Califórnia, Texas e Flórida viram o número de casos e de mortes disparar, revertendo, em parte, o movimento de reabertura econômica. No Brasil, segundo país no ranking global, chegamos à triste marca dos 94 mil mortos com 2,73 milhões de casos confirmados, sendo um deles, o próprio presidente Jair Bolsonaro que testou positivo para a doença. 

Uma notícia positiva em relação à pandemia foi que algumas vacinas apresentaram bons resultados nos testes iniciais com boas perspectivas pela frente, mas sem ainda termos uma data precisa na qual nos amparar. A Pfizer em parceria com a BioNTech, a Moderna e a AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford foram as empresas que mostraram os sinais mais promissores. A chinesa Sinovac-Biotech também está em estágio avançado de testes. Aqui no Brasil assinamos parcerias para testes e produção tanto com a AstraZeneca quanto com a Sinovac-Biotech. 

Os indicadores econômicos divulgados em julho apontam para uma recuperação desigual entre os setores e também entre as regiões do globo. No Brasil os serviços ainda enfrentam dificuldades principalmente com a indefinição quanto aos processos de reabertura e um receio das pessoas de se exporem ao vírus. Na China, os dados vieram bastante positivos. Enquanto nos EUA e na Europa a percepção é que o “pior já passou”, mas que a velocidade da recuperação ainda é incerta. 

Momentos de crise, no geral, escancaram desigualdades que durante a “bonança” acabam sendo minimizados. Na Europa, a falta de coordenação fiscal sempre foi um ponto que enfraquecia o pacto monetário. Com a pandemia elevando os gastos dos governos, o endividamento das economias mais fracas da região era uma questão de alerta. Em julho, foi fechado um pacote estímulo de 750 bilhões de euros (US $ 857 bilhões) e esse acordo é histórico, visto que os países irão levantar recursos emitindo títulos coletivamente, e não mais individualmente. Além disso, boa parte desse dinheiro será destinado aos países membros mais afetados pela pandemia como doações, e não empréstimos. 

Esse movimento de fortalecimento dos vínculos de longo prazo entre os países europeus dificulta um próximo “brexit”, e consolida o papel da Alemanha e França como líderes de um bloco mais coeso. O Euro se valorizou frente ao dólar 4,72% no mês de julho. 

Esse gap entre as principais moedas, contudo, teve dois vetores para o mesmo lado que corroboraram para esse movimento mais acentuado: tanto o euro ganhou força com a coordenação fiscal mencionada acima, quanto o dólar se enfraqueceu globalmente. 

O impasse no Congresso dos EUA sobre o futuro dos pacotes de estímulo, principalmente o auxílio desemprego de US$ 600 por semana é um desses motivos. Os republicanos do Senado americano apresentaram um plano estímulo econômico de US$ 1 trilhão. A sua aprovação não é óbvia e também não deve ser tranquila visto que não há consenso nem mesmo dentro do partido Republicano. 

Senadores que são mais “conservadores fiscais” como texano Ted Cruz, esperavam gastar muito menos e argumentam que o benefício cria um desincentivo para o americano procurar emprego e que isso impacta a recuperação econômica. Já a democrata presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, classificou o pacote como “patético”, visto que a situação ainda está bastante caótica com famílias passando necessidades e precisando de mais apoio do Estado. Os democratas queriam algo em torno de US$ 3,5 trilhões. 

As divergências, quanto ao tamanho e ao destino dos recursos enfrentam pressão popular e de prazo: o Congresso americano entra em recesso no dia 7 de agosto e volta apenas no dia 7 de setembro e os benefícios para os desempregados se encerraram no dia 31 de julho. 

Se no âmbito fiscal a questão não é consensual, no campo monetário, o presidente do Fed Jerome Powell, em coletiva, após a decisão do Fomc de manter a faixa de juros entre 0 e 0,25% a.a., disse que serão necessárias mais políticas fiscais para apoiar a recuperação econômica. A atuação mais dovish da autoridade monetária, com a menção explícita de permitir a inflação ultrapassar a meta de 2%, sem elevar os juros preemptivamente, como historicamente fez, também corrobora para o enfraquecimento do dólar global. 

Toda essa liquidez sendo injetada pelos congressos e bancos centrais enfrenta um grande desafio: fazer o dinheiro chegar na ponta que realmente precisa, sejam pessoas físicas ou jurídicas. No Brasil, os pequenos e médios empreendedores enfrentam maiores dificuldades acesso a crédito e são quem mais empregam formalmente no país. Buscando evitar uma quebradeira, seguida de um desemprego generalizado, o Ministério da Economia criou o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). A linha de crédito, inicialmente, era no valor de R$ 15,9 bilhões para financiar capital de giro para empresas com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões. O rápido esgotamento dessas linhas nos bancos públicos e privados fez o ministério reforçar o programa e o Congresso aprovou um direcionamento de mais R$ 12 bilhões. 

POLÍTICA DOMÉSTICA 

Falando da esfera política brasileira, no geral, o mês de julho foi mais tranquilo no que diz respeito às disputas entre os poderes. O recesso parlamentar foi adiado e com isso, votações importantes aconteceram. As polêmicas ficaram a cargo dos vetos presidenciais que ainda precisam passar pela apreciação do Congresso, que pode derrubá-los ou não. 

No início de julho, a Câmara aprovou a PEC que adia as eleições municipais de outubro para novembro, mudando também os demais prazos do processo eleitoral. 

Foi discutido, votado e sancionado o projeto de lei do novo marco do saneamento, o que já foi um grande avanço para o setor. Bolsonaro, contudo, vetou 11 trechos do projeto. Um dos vetos retirou o ponto que permitia a prorrogação dos contratos de programa, aqueles celebrados sem concorrência e diretamente entre os municípios e as empresas estaduais. Os governadores divulgaram uma carta contra esse veto. Segundo eles, a permissão de prorrogação dos contratos de programa ajudaria na transição para o novo modelo. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre também reagiu à decisão e indicou que trabalhará para a derrubada dos vetos. Ele criticou o fato de o Palácio do Planalto não ter respeitado, na sua avaliação, justamente a parte do acordo que possibilitou a aprovação da matéria sem alterações no Senado. A Presidência da República fundamentou o veto alegando descompasso com os objetivos do novo marco de estimular a competição. A justificativa é de que o item prolonga “demasiadamente” a situação atual. 

Um outro veto presidencial polêmico foi o do trecho da MP 936, em relação à prorrogação da desoneração da folha para 17 setores, até o fim de 2021. Esse benefício fiscal para setores intensivos em mão de obra, como call centers, calçados e construção civil, foi instituído em 2011 e altera a base de cálculo, permitindo que a contribuição previdenciária seja calculada sobre a receita bruta, em vez de sobre a folha de pagamentos. Essa medida perderia validade no final de 2020 e em decorrência da pandemia, o Congresso acrescentou essa prorrogação para 2021 na MP 936. 

Os representantes desses 17 setores estão pressionando o Congresso para derrubar o veto de Bolsonaro. A equipe econômica argumenta que a seletividade da desoneração não condiz com os amplos impactos da crise na economia e que pretende desonerar a folha de pagamentos de forma generalizada e não beneficiando apenas 17 setores. 

Porém, os meios para conseguir desonerar a folha não estão completamente desenhados. Na reforma tributária entregue por Paulo Guedes ao Congresso consta, nessa primeira fase, apenas a unificação de PIS e Cofins em um IVA (Imposto sobre Valor Agregado) chamado de CBS (Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços). Esse IVA teria alíquota de 12%, unificando primeiro esses dois impostos federais e depois, na medida em as discussões andassem, estados e municípios poderiam aderir. Essa proposta deve ser acoplada às PEC 45 e 110 que já estão em tramitação na Câmara e no Senado respectivamente. 

Uma das críticas ao modelo apresentado por Guedes é que ele tem impactos distintos e desproporcionais sobre os setores, e aquelas empresas cuja principal linha de despesa é com pessoal, não consegue abater os créditos tributários, implicando em aumento efetivo da carga. Os principais afetados são justamente os 17 setores que já estavam insatisfeitos e fazendo lobby no Congresso para a derrubada do veto de Bolsonaro a MP 936. 

Paulo Guedes e sua equipe econômica defendem que para desonerar a folha seria preciso indicar novas fontes de receita, pois com o aperto fiscal atual, com mais essa renúncia, a conta não fecharia. Um projeto que agrada o ministro é a criação de um imposto sobre transações financeiras eletrônicas justamente para ampliar a base de arrecadação de modo que seria possível o alívio de carga para o empresário. 

Qualquer novo tributo que se pareça com a antiga CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) é politicamente polêmico, mas Paulo Guedes vem apresentando essa “nova” CPMF como sendo o único caminho para conseguir fundos inclusive para o “Renda Brasil”. Esse programa vem sendo apresentado como substituto do auxílio emergencial de R$ 600, resultando da fusão e expansão do Bolsa Família, do abono salarial e mais dois ou três programas de assistência social. 

Na busca por fontes de financiamento para o Renda Brasil, o governo tentou redirecionar parte dos aportes da União para o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica). Contudo, essa tentativa de alteração do texto dois dias antes da data marcada para a votação da PEC não foi bem vista pelos parlamentares. Frente a uma derrota iminente, a articulação política do governo, conduzida pelo general Luiz Eduardo Ramos, ministro-chefe da Secretaria de Governo, não só cedeu, como aumentou a proposta do Congresso. A contribuição da União hoje é de 10%, os parlamentares queriam expandir para 20% e o texto negociado pelo General Ramos propôs 23% de aumento de contribuição até 2026. Além disso, ficou vedado atrelar o fundo a algum programa de assistência social (como o Renda Brasil). 

O caso do Fundeb lançou luz sobre a fragmentação da articulação política do governo. Com um núcleo militar no comando “oficial” das tratativas com o Congresso (na figura do General Ramos), um “bolsonarista de primeira hora”, como líder do Governo na Câmara (Major Vitor Hugo, PSL-GO), o Arthur Lira (PP-AL) como “líder informal do centrão” e também o Fábio Faria, Ministro das Comunicações que possui bom diálogo com os parlamentares. As negociações acabam sendo permeadas por ruídos. 

O Centrão, enquanto aliado, é uma “faca de dois gumes” sendo ao mesmo tempo importante para a estabilização política, como também uma fonte de preocupações. Esse grupo amorfo e despersonalizado possui uma quantidade deputados suficiente para barrar uma eventual abertura de um processo de impeachment contra Bolsonaro (172 votos no mínimo). Porém, da mesma forma que o apoio do Centrão pendeu para o lado do Bolsonaro, esse grupo pode com a mesma velocidade desembarcar do governo. Aproveitando a metáfora náutica, o Arthur Lira em um artigo de opinião na Folha sobre o Centrão afirmou: “E quem somos “nós”? Nós somos a quilha da nau da democracia”. 

A grande disputa que vem se travando no Congresso no momento diz respeito à sucessão da presidência das duas casas. Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre terminam seus mandatos em fevereiro de 2021. Alcolumbre busca formas de tentar ser reconduzido ao posto. Maia procura fazer seu sucessor e o Centrão quer assumir um protagonismo ainda maior. 

Um último ponto que vem trazendo ruídos à gestão Bolsonaro é a questão ambiental. A imagem negativa do Brasil no exterior, em relação a preservação da Amazônia, prejudica tanto investimentos estrangeiros quanto nossas exportações. Essa agenda ESG (Ambiental, social e de governança) vem tomando proporções significativas, em especial na Europa, e se choca com a condução da pasta do Meio Ambiente pelo Ricardo Salles. Em resposta às críticas, o vice-presidente Hamilton Mourão e a ministra da agricultura Tereza Cristina vêm colocando panos quentes na situação. Inclusive, ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central assinaram uma carta conjunta na qual enfatizam que é preciso convergir a recuperação produtores americanos de microchips e econômica e a preservação ambiental.

POlÍTICA INTERNACIONAL

Atualmente nos EUA, não podemos desvincular a “tangíveis”, a relação entre os dois países é ruim, mas política externa da lógica eleitoral americana, não insustentável. Contudo, o tom se eleva quando os principalmente no que tange a relação com a China.

O candidato democrata Joe Biden vem ganhando proeminência das pesquisas eleitorais e ampliando a distância de Donald Trump. Essa ameaça democrata empurra o discurso de Trump para uma esfera ainda mais nacionalista, uma vez que há um certo “consenso” entre Republicanos e Democratas que a China é um inimigo comum. As tensões geopolíticas vêm ganhando uma nova roupagem e a disputa inicialmente comercial, hoje se expande para o setor financeiro, tecnológico e também diplomático.

A pandemia vem colocando em dúvida os objetivos estabelecidos na fase 1 do acordo comercial entre China e EUA. Com a desaceleração econômica e uma queda generalizada da demanda, as metas de compra por parte dos chineses de produtos agrícolas,  industriais e de energia podem não ser cumpridas. Além disso, Donald Trump e Mike Pompeo, secretário de Estado, sempre reforçam a responsabilidade do governo de Pequim pela disseminação da pandemia. Trump inclusive retirou os EUA oficialmente da OMS argumentando que a instituição estaria sendo influenciada de sobremaneira pelos chineses.

A busca por “culpados” pela crise atual se soma a uma narrativa de defesa do interesse e da segurança nacional e, sob esse argumento, Donald Trump vem tentando minimizar a influência chinesa na economia americana. Esse processo de decoupling é complexo, visto que várias cadeias produtivas entre os países estão extremamente entrelaçadas. Do ponto de vista econômico as sanções a empresas chinesas, principalmente de tecnologia preocupa os próprios produtores americanos de microchips e semicondutores, que são dependentes do mercado chinês para escoar a produção.

Enquanto a situação fica circunscrita a esferas mais “tangíveis”, a relação entre os dois países é ruim, mas não insustentável. Contudo, o tom se eleva quando os americanos entram em temas que para os chineses são de “política doméstica” e assuntos que são encarados como afrontas ao princípio da soberania nacional. Entram nessa “categoria” as sanções a membros do Partido Comunista de Xingjian, as críticas à Lei de Segurança Nacional imposta à Hong Kong, além de ataques diretos ao governo chinês, como no caso do secretário de Estado americano, Mike Pompeo, que disse “As nações do mundo que amam a liberdade devem induzir a China a mudar …[agindo] de maneira mais criativa e assertiva, porque as ações de Pequim ameaçam nosso povo e nossa prosperidade”. A pressão para que mudanças aconteçam dentro do Partido Comunista Chinês, seria, segundo Pompeo, a “missão do nosso tempo”.

O pedido de fechamento do consulado chinês em Houston sob o argumento de espionagem e possível interferência nas eleições, teve como resposta chinesa a ordem de retirada do consulado americano em Chengdu. A não proporcionalidade de importância das duas missões diplomáticas foi interpretado como positivo e acalmou um pouco os ânimos, não corroborando para uma escalada das tensões.

No final do mês o novo foco de divergências é o aplicativo de vídeos TikTok, controlado pela chinesa ByteDance, também sobre o guarda-chuva da segurança nacional, Trump primeiro anunciou que iria banir o app do território nacional. Depois afirmou que as operações poderiam continuar se fossem adquiridas por uma empresa americana. Esse assunto ainda irá render polêmicas para o mês de agosto.

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